quinta-feira, 27 de março de 2008

Métodos de Investigação em Educação

Na sequência da identificação dos paradigmas de investigação em Educação, há que identificar quais as metodologias de investigação utilizadas em Educação.

Tal como referimos anteriormente, estas metodologias têm a montante os paradigmas de investigação, que as qualificam.

Em essência e considerando os métodos tradicionais de investigação, teremos métodos quantitativos de investigação, métodos qualitativos de investigação e métodos mistos (aqueles que utilizam elementos quantitativos e qualitativos, em simultâneo).

Independentemente de poder estar a ocorrer uma mudança ao nível dos paradigmas de investigação em Educação, as metodologias de investigação que, porventura, estarão a ser mais utilizadas são exactamente aquelas que recorrem a elementos quantitativos e qualitativos.

Esta metodologia mista, correspondente à possibilidade da coexistência de métodos de diferentes enquadramentos teóricos, tem muitas ligações com a Teoria Sociológica de Bernstein, pela rejeição quer da análise empírica, sem uma base teórica que lhe esteja subjacente, quer da utilização de teoria que não permita a sua transformação com base nos resultados empíricos.

Esta utilização de paradigmas diferentes, vem ao encontro do que referimos num post anterior, a propósito das diferenças entre investigação e pesquisa. A investigação realizada tem por finalidade a produção de conhecimento educacional, o qual, embora enquadrado pelas ciências sociais, tem relacionamentos com as ciências experimentais.

Este contacto com ciências de diferente natureza, justifica cada vez mais a utilização em Educação de metodologias de investigação mistas.

Apresentam-se, em seguida, alguns aspectos caracterizadores dos Métodos de Investigação Qualitativos e Quantitativos (Fonte listada neste blog em "Outros Recursos": Simões, C. & Paiva, J. (2004). Metodologias de Investigação em Educação. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. pp. 2-3)

Métodos Qualitativos de Investigação
  • Os métodos qualitativos são “humanísticos” - quando os investigadores estudam os sujeitos de uma forma qualitativa tentam conhecê-los como pessoas e experimentar o que eles experimentam na sua vida diária (não reduzem a palavra e os actos a equações estatísticas);
  • Os investigadores interessam-se mais pelo processo de investigação do que unicamente pelos resultados ou produtos que dela decorrem;
  • Em investigação qualitativa o “plano de investigação é flexível”;
  • A investigação qualitativa é “descritiva”. A descrição deve ser rigorosa e resultar directamente dos dados recolhidos. Os dados incluem transcrições de entrevistas, registos de observações, documentos escritos (pessoais e oficiais), fotografias, gravações vídeo, etc.. Os investigadores analisam as notas tomadas em trabalhos de campo, os dados recolhidos, respeitando, tanto quanto possível, a forma segundo a qual foram registados ou transcritos;
  • O investigador é o “instrumento” de recolha de dados; a validade e a fiabilidade dos dados depende muito da sua sensibilidade, conhecimento e experiência. A questão da objectividade do investigador constitui o principal problema da investigação qualitativa;
  • Em investigação qualitativa “a preocupação central não é a de saber se os resultados são susceptíveis de generalização, mas sim a de que outros contextos e sujeitos a eles podem ser generalizados”.

Métodos Quantitativos de Investigação

  • A utilização de Métodos Quantitativos está associada à investigação experimental ou quase experimental o que pressupõe a observação de fenómenos, a formulação de hipóteses explicativas desses mesmos fenómenos, o controlo de variáveis, a selecção aleatória dos sujeitos de investigação (amostragem), a verificação ou rejeição das hipóteses mediante uma recolha rigorosa de dados, posteriormente sujeitos a uma análise estatística e uma utilização de modelos matemáticos para testar essas mesmas hipóteses. O objectivo é a generalização dos resultados de uma determinada população em estudo a partir da amostra, o estabelecimento de relações causa - efeito e a previsão dos fenómenos,
  • A investigação quantitativa implica que o investigador antes de iniciar o trabalho elabore um plano de investigação estruturado, no qual os objectivos e os procedimentos de investigação estejam indicados pormenorizadamente;
  • A elaboração do plano deverá ser precedida de uma revisão de literatura pertinente (também nos métodos qualitativos, diga-se), a qual é essencial não só para a definição dos reais objectivos do trabalho, como também para a formulação de hipóteses e para a definição de variáveis;
  • Os objectivos da investigação quantitativa consistem essencialmente em encontrar relações entre variáveis, fazer descrições recorrendo ao tratamento estatístico dos dados recolhidos, testar teorias;
  • Quer se trate de uma investigação experimental, quer se trate da caracterização estatística de uma determinada população (por exemplo mediante a administração de um inquérito por questionário ou por entrevista estruturada), procede-se à selecção de uma amostra que deverá ser representativa da população em estudo, para que os resultados possam ser generalizados a essa mesma população, o que implica a selecção aleatória dos sujeitos de investigação;
  • Em métodos quase experimentais assumem-se as limitações da não aleatorização;
  • Para testar as hipóteses (verificação ou rejeição) existe uma grande variedade de testes, cuja eficácia é reconhecida;
  • Uma das principais limitações dos métodos quantitativos em Ciências Sociais está ligada à própria natureza dos fenómenos estudados: complexidade dos seres humanos; estímulo que dá origem a diferentes respostas de acordo com os sujeitos; grande número de variáveis cujo controlo é difícil ou mesmo impossível; subjectividade por parte do investigador; medição que é muitas vezes indirecta, como é por exemplo o caso das atitudes; problema da validade e fiabilidade dos instrumentos de medição.

Mais informação aqui.

5 comentários:

Albino Queirós disse...

Caro colega e amigo
O teu webfolio começa a ser de consulta obrigatória...
Estou já a utilizar links que aqui colocas, neste post e que me parecem extremamente úteis e pertinentes.
Um abraço e continuação de bom trabalho
Albino

Mário Santos disse...

Re: albino queirós
[Segunda-feira, Março 31, 2008 8:34:00 PM]

Olá Albino,

Ainda bem... é bom sinal e é para isso que serve a partilha.

Um abraço,

Mário

Ana Ascensão disse...

Olá Mário!
Hoje vim pela primeira vez ao teu blog e estava a pensar o mesmo que afirmou Albino, o teu webfólio passará a ser uma referência para as minhas leituras.
Obrigada pela abertura.
Um abraço,
Ana

Mário Santos disse...

Re: ana ascensão
[Segunda-feira, Março 31, 2008 11:20:00 PM]

Olá Ana,

Vocês estragam-me com "mimos", mas esses têm de ir para o teu bébe ;-)

Vou continuar a tentar não desapontar. Volta sempre!

Saudações,

Mário

florabiodiversidade disse...

Professor,

muitissimo obrigada, por me "permitir" conhecer e consultar este (seu) belissimo trabalho..."o seu webfólio passará a ser uma referência para as minhas leituras"
...

Flora