sábado, 19 de abril de 2008

Etapas na construção dum Questionário em Investigação


Na construção dum Questionário em Investigação, deverão ser observadas algumas etapas, por uma determinada sequência.

Apresenta-se, em seguida, um exemplo dessas etapas e respectiva sequência:
  • Estudo preliminar para auxiliar a elaboração do questionário;
  • Listar todas as variáveis de investigação, incluindo as características dos casos;
  • Especificar o número de perguntas para medir cada uma das variáveis;
  • Escrever uma versão inicial para cada pergunta;
  • Pensar na natureza da primeira Hipótese Geral, bem como nas variáveis e perguntas a ela associadas;
  • Consoante o tipo de Hipótese Geral, decidir as técnicas e estatísticas adequadas para testar a hipótese, tendo em atenção os pressupostos destas técnicas;
  • Decidir o tipo de resposta desejável para cada pergunta associada à Hipótese Geral;
  • Definição da Hipótese Operacional;
  • Considerar as perguntas iniciais (e tipos de resposta) associadas com a primeira Hipótese Operacional e trabalhá-lhas para obter uma versão final a incorporar no questionário;
  • Face às mudanças que possam ter sido introduzidas, verificar se as versões finais das perguntas e das respostas ainda estão adequadas para testar a Hipótese Operacional;
  • Definir as instruções para cada pergunta de modo a informar o respondente sobre como deverá responder;
  • Planear as secções do questionário;
  • Elaborar uma introdução para o questionário;
  • Definir o layout (disposição) do questionário;
  • Definir os aspectos estéticos do questionário;
  • Fazer a verificação final do questionário.

Fonte: Hill, M. & Hill, A. (2005). Investigação por Questionário. Lisboa: Edições Sílabo.

Vantagens e desvantagens da utilização do Questionário como técnica de recolha de dados


Eis algumas vantagens e desvantagens do Questionário relativamente a outras técnicas de recolha de dados em Investigação.

Vantagens:

  • A resposta, por escrito, a questões potencialmente embaraçosas, não é tão embaraçosa para os inquiridos, como por exemplo através da entrevista pessoal;
  • As respostas às questões colocadas não estarão tão sujeitas a enviesamentos e interpretações duvidosas;
  • Possibilita uma maior sistematização dos resultados obtidos, tornando-se mais fácil automatizar o processo de análise e tratamento dos dados;
  • É de fácil operacionalização, podendo ser aplicado a uma amostra de grande dimensão, num curto espaço de tempo;
  • Pelas suas características, implica normalmente custos menores, pois evita as deslocações.

Desvantagens:

  • Para que efectivamente possa cumprir os objectivos e na medida em que a sua concepção se reveste de alguma complexidade, existe bastante planeamento;
  • Poderá ser difícil motivar os inquiridos a responder ao questionário, o que normalmente origina muitas faltas de resposta, o que será particularmente verdade quando o tipo de questões não tem utilidade ou algum tipo de relação com o inquirido;
  • Se houver alguma dúvida no preenchimento do questionário, não haverá hipótese de esclarecimento;
  • Não possibilita a introdução de dados suplementares, a não ser que se recorram a outras técnicas de recolha de dados;
  • Quando se utilizam perguntas abertas, poderá haver alguma superficialidade nas respostas.

Cuidados a ter na elaboração dum Questionário em Investigação


Os cuidados a ter em conta na construção de um bom questionário, em Investigação, passam por 3 aspectos essenciais e que estão ligados entre si:
  • Definição do tipo de resposta mais adequado a cada pergunta;
  • Definição do tipo de escala de medida a associar às respostas;
  • Definição da metodologia para análise dos dados.
Nesse sentido, haverá que:

  • Listar todas as variáveis de investigação, incluindo as características dos casos;
  • Especificar o número de perguntas para medir cada uma das variáveis;
  • Escrever uma versão inicial para cada pergunta;
  • Pensar na natureza da primeira Hipótese Geral, bem como nas variáveis e perguntas a ela associadas;
  • Consoante o tipo de Hipótese Geral, decidir as técnicas e estatísticas adequadas para testar a hipótese, tendo em atenção os pressupostos destas técnicas;
  • Decidir o tipo de resposta desejável para cada pergunta associada à Hipótese Geral;
  • Definição da Hipótese Operacional;
  • Considerar as perguntas iniciais (e tipos de resposta) associadas com a primeira Hipótese Operacional e trabalhá-lhas para obter uma versão final a incorporar no questionário;
  • Face às mudanças que possam ter sido introduzidas, verificar se as versões finais das perguntas e das respostas ainda estão adequadas para testar a Hipótese Operacional;
  • Definir as instruções para cada pergunta de modo a informar o respondente sobre como deverá responder;
  • Planear as secções do questionário.
Outros aspectos a acautelar:
  • Recolher apenas as características dos casos estritamente relavantes para a investigação;
  • Modo como as perguntas devem ser escritas (construção, extensão e clareza), em função do tipo de pergunta.
Fonte: Hill, M. & Hill, A. (2005). Investigação por Questionário. Lisboa: Edições Sílabo.

O Questionário e os Objectivos da Investigação


A utilização do Questionário é particularmente relevante em Investigação Empírica (aquela em que se fazem observações para melhor compreender o fenómeno a estudar), independentemente do tipo de Investigação Empírica em causa (pura, aplicada ou aplicável).

São as hipóteses da investigação que permitem ligar a parte teórica da investigação à parte empírica (planeamento e execução do trabalho empírico) da mesma. Deste modo, as hipóteses "devem justificar o trabalho da parte empírica da investigação" (Hill, M. & Hill, A., 2005: 22).

É através do Questionário que se obtêm os dados que vão permitir testar, de modo adequado, as hipóteses da investigação, já que nas investigações onde o Questionário é utilizado, a maioria das variáveis é medida a partir das questões nele contidas.

O Questionário deve permitir testar, adequadamente, as hipóteses operacionais (especificadas a partir das hipóteses gerais) e, por isso, estas deverão estar definidas antes da utilização do Questionário, com vista à recolha de dados.

É assim bem evidente a relação entre a utilização dum Questionário e os objectivos duma investigação. Para dar resposta a determinadas questões, são formuladas determinadas hipóteses (gerais e operacionais), hipóteses essas que são a "ponte" entre a parte teórica da investigação e a parte empírica dessa mesma investigação.

Nas investigações em que o Questionário é utilizado como uma das técnicas do processo de recolha de dados, é através dele que vão ser obtidos os dados que permitirão testar as hipóteses operacionais formuladas, confirmando ou não essas hipóteses e permitindo, assim, a obtenção de respostas às questões da investigação, aquele que é, em essência o grande objectivo duma investigação.

Pode parecer uma relação indirecta, mas é uma relação importante... é como se o Questionário "trabalhasse" para as hipóteses, cuja confirmação (ou não) vai permitir que se cumpram os objectivos da investigação, havendo que ter presente que, nem sempre, se obtêm os resultados que se gostaria de obter.

Fonte: Hill, M. & Hill, A. (2005). Investigação por Questionário. Lisboa: Edições Sílabo.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O questionário como técnica do processo de recolha de dados

Tal como se tinha referido anteriormente, iniciou-se hoje o Tema 2 ("O processo de recolha de dados"), com o estudo do questionário como técnica de recolha de dados na Investigação.

Durante esta semana (até ao próximo dia 20 Abr 2008 - Dom), as actividades terão a forma de Trabalho em Equipa, centrado na utilização do questionário no Processo de Investigação, seguindo-se (na semana de 21 a 28 Abr 2008) o debate alargado em fórum.

Esta é uma temática igualmente importante, em termos de Investigação Educacional, na medida em que os dados poderão ter origem numa diversidade de fontes com características bem diferentes entre si.

Nem sempre é necessária a elaboração de instrumentos específicos para a recolha de dados, mas, por vezes, o investigador é confrontado com essa necessidade, de forma a poder obter os dados que lhe permitam a obtenção de respostas às questões da Investigação. Exemplos desse tipo de instrumentos são testes, guiões de entrevista, grelhas de observação de comportamentos não verbais ou questionários.

É precisamente sobre os questionários que nos iremos, agora,concentrar. O questionário é um instrumento de recolha de dados muito utilizado em investigação quantitativa, como, por exemplo, em estudos de opinião. O questionário é constituído por um conjunto de itens que permitem a inventariação das características de uma determinada amostra, possibilitando, se necessário, a análise das relações entre essas características. Para que possam cumprir, na íntegra, a sua finalidade, os questionários têm de ser planeados com rigor, em termos da informação a obter, bem como dos procedimentos para a obter e analisar a posteriori.

O trabalho em equipa desta semana irá incidir, sobretudo, nos seguintes aspectos:

- Reflexão sobre a relação entre a utilização do questionário e os objectivos de uma Investigação;
- Análise das vantagens e desvantagens do questionário, como técnica de recolha de dados;
- Reflexão sobre as principais etapas/fases (e respectivos cuidados) na construção dum questionário com qualidade.


As orientações definidas para esta actividade foram as seguintes:

- Exploração da bibliografia de apoio, quanto à utilização do questionário em investigação, assim como relativamente aos cuidados a ter na construção dum questionário;
- Análise duma dissertação (disponibilizada como recurso), no que diz respeito à utilização do questionário pelo investigador em apreço;
- Elaboração de um esquema gráfico demonstrativo do planeamento dum questionário, passível de ser utilizado como ferramenta heurística auxiliar em investigação;
- Apresentação do esquema em fórum, para posterior debate.

Balanço da semana: 06 Abr 2008 - 13 Abr 2008

Decorrida mais uma semana, eis que é chegada a hora de mais um balanço das actividades na Unidade Curricular (UC) de Investigação Educacional.

A semana que agora terminou coincide com o fim da Actividade 1 "O Processo de Investigação", iniciando-se hoje (14 Abr 2008) a Actividade 2 "O processo de recolha de dados", actividade que terá várias fases de trabalho, à semelhança do que se passou na Actividade anterior.

Tal como eu esperava e antevia, a troca de argumentos em que estive envolvido nos vários fóruns da UC, ao longo da semana, foi muito positiva, possibilitando muita aprendizagem, contribuindo para a organização de ideias que poderiam não se encontrar ainda completamente definidas e permitindo reforçar e consolidar os conhecimentos sobre o Processo de Investigação.

Por um lado, cada Equipa da Turma apresentou a sua proposta de Guião para as Etapas do Projecto de Investigação e, por outro, seguiram-se essencialmente três linhas de debate: uma, sobre paradigmas e métodos de investigação; outra sobre a Investigação-Acção; e, por último, outra, sobre aspectos relativos às etapas dum Projecto de Investigação.

Quanto às várias propostas de Guião, foi interessante verificar as várias propostas a que as Equipas (que trabalharam, cada qual, no seu próprio ambiente reservado) chegaram: algumas diferenças na forma, algumas diferenças de pormenor e de terminologia, mas, fora esses aspectos, penso que se verificou um "tronco comum" na descrição e sequência das etapas dum Projecto de Investigação. As várias propostas foram alvo de comentários e questões que contribuiram para que todos pudéssemos ficar muito mais esclarecidos sobre como se estrutura um Projecto de Investigação, quais são as suas etapas fundamentais e a sequência pela qual ocorrem.

Quanto aos paradigmas e métodos de investigação, ficou bem clara a diferença entre estes conceitos e o modo como se relacionam. Debateram-se os vários métodos de investigação em Educação (qualitativa, quantitativa e mista), assim como se aprofundou o conceito de paradigma, a sua origem, os vários tipos de paradigma em Investigação Educacional (quantitativo, qualitativo e a emergência dum 3º. paradigma, o paradigma sociocrítico) e, a grande questão "fracturante", se existem paradigmas "mix" (aspecto ao qual me referi no post anterior).

Outra interessante linha de debate foi a relativa à Investigação-Acção, em particular no que disse respeito às suas características, vantagens e desvantagens, bem como as principais diferenças para a Investigação, strictu sensu.

Relativamente às etapas dum Projecto de Investigação, abordaram-se as características de cada uma dessas etapas, a sua importância de per si e relativamente às restantes, bem como as eventuais repercussões para o Projecto de Investigação caso uma ou mais etapas fosse omitida.

Tal como se diz no desporto, foi uma semana de "elevado rendimento" e que será, decerto, muito útil na continuidade do programa da UC, com vista ao aprofundamento dos aspectos essenciais em debate.