quinta-feira, 19 de junho de 2008

Fontes dos Problemas Éticos em Investigação

Cada etapa do Processo de Investigação pode constituir-se numa fonte potencial de problemas éticos, que podem resultar:
  • Da própria natureza do Projecto de Investigação;
  • Do contexto da Investigação;
  • Dos procedimentos a adoptar;
  • Dos métodos de recolha de dados;
  • Da natureza dos dados recolhidos;
  • Do tipo de participantes;
  • Da aplicação a dar aos dados.
Adaptado de:
"Questões Éticas em Investigação Educacional", de Margarida Isabel de Jesus Costa (DEFCUL - Metodologia de Investigação I - Ano Lectivo 2004/2005)

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Questões éticas na Investigação Educacional

Inicia-se hoje o último tema da parte lectiva desta Unidade Curricular, tema que incide sobre as "Questões éticas na Investigação Educacional" e cujo debate se prolongará até ao próximo dia 23 de Junho (segunda-feira).

Quer nas Ciências da Educação, quer noutras Ciências, no seu trabalho e na sua conduta, o investigador deve ter sempre presentes as questões éticas, quer aquelas que se colocam a montante, durante o planemanento da investigação, quer aquelas que se colocam na fase de recolha de dados ou ainda aquelas que se colocam no final do processo de investigação, quando apresenta publicamente o relatório da sua Investigação.

É sobre estes aspectos que nos iremos debruçar, concretizando e fundamentando perspectivas, abordagens e pontos de vista, tendo sempre presente a fase da investigação em causa e na qual é necessário aplicar determinadas condutas éticas.

Para o efeito iremos explorar, em profundidade, o website da American Educational Research Association.

Validade e fiabilidade dum Investigação

Na sequência dum desafio lançado pela Professora Luísa Aires, para que dissertássemos um pouco sobre a "validade e a fiabilidade" duma Investigação, diríamos o seguinte.

Recorrendo apenas à nossa percepção sobre o assunto, face àquilo que temos vindo a aprender nesta Unidade Curricular, ao longo do semestre, diríamos que são aspectos como estes ("validade" e "fiabilidade") que "obrigam" à adopção duma Metodologia de Investigação... a qual, por sua vez, "obriga" a que os instrumentos de recolha de dados sejam "validados" a priori, que os dados recolhidos sejam validados como "bons" para análise e que, após a análise, os resultados daí decorrentes sejam validados como sendo os correctos, face àquilo que se analisou.

Só com uma Metodologia de Investigação (que como vimos pode ser qualitativa, quantitativa ou mista) e com sucessivas "validações" ao longo do Processo de Investigação, estarão criadas as condições para, no final desse processo, se poder afirmar, com segurança, que os instrumentos utilizados na recolha de dados, a análise desses dados e os resultados obtidos, são válidos, tornando a investigação fiável, no sentido da credibilidade que este processo deve ter para "garantir" que a investigação tem condições para atingir as suas finalidades e cumprir os seus objectivos.

A Metodologia da Investigação inclui, entre outros, estes três aspectos que referi, os quais, não sendo exclusivamente importantes, são marcos determinantes em qualquer Processo de Investigação. Como já vimos ao longo dos vários debates nesta Unidade Curricular, a não observação da Metodologia poderá "corromper" a Investigação, levando a que esta siga um percurso que não é adequado, correcto e que até pode ser enganoso.

A Metodologia da Investigação serve para que a Investigação possa atingir os seus objectivos, auxiliando o investigador nessa "cruzada", mas também serve para defender o investigador de "vícios de forma", de "tentações", de "subjectividades", enfim, dum conjunto de aspectos que, sem método, poderiam deturpar, "inquinar" ou tornar o investigador refém de si próprio e tornar a Investigação inconsequente por meras questões de erro(s) de processo.

Assim, definidas as áreas geral e específica(s) a investigar, o tipo de investigação a efectuar, os seus objectivos, as hipóteses gerais e operacionais ou as questões investigativas, o investigador deverá proceder à definição e caracterização da metodologia da investigação, já que é através do método que venha a ser seleccionado, implementado e operacionalizado que o plano de investigação se transforma em projecto de investigação e que se criam as condições para que o investigador possa controlar a investigação e tudo o que lhe diz respeito, contribuindo para que, momento a momento, tudo o que é feito e tudo o que é obtido, possa ser considerado como válido e, logo, credível.

A fiabilidade resulta dessa credibilidade... só podemos "fiar-nos" na investigação se soubermos que ela é credível... e ela só será credível se tiver "passado nos testes de validade"... a validade que lhe é garantida pelas sucessivas validações, ao longo das várias etapas da investigação (em particular das etapas mais "marcantes"), mas também pela observância do método de investigação escolhido, que funciona como um referencial, umaa matriz e um "checklist", assegurando que tudo o que tem de ser feito é "bem" feito, quer na oportunidade (momento certo), quer no modo, quer na finalidade.

Editado para acrescentar:

A validade e a fiabilidade duma Investigação contribuem para a integridade dessa mesma Investigação.

"To maintain the integrity of research, educational researchers should warrant their research conclusions adequately in a way consistent with the standards of their own theoretical and methodological perspectives. They should keep themselves well informed in both their own and competing paradigms where those are relevant to their research, and they should continually evaluate the criteria of adequacy by which research is judged." (American Educational Research Association)

http://www.aera.net/AboutAERA/Default.aspx?menu_id=90&id=173

Coerência e consistência duma Investigação

Estes são dois aspectos muito importantes para assegurar que a Investigação tem "condições" para poder cumprir os seus objectivos.

A "coerência" do Processo de Investigação tem a ver com a ligação e articulação entre as suas fases. Já a "consistência" tem, sobretudo, a ver com a validade e a "força", quer dos métodos e técnicas utilizados, quer dos resultados e conclusões obtidos nesse Processo de Investigação.

A primeira ("coerência") é ditada, sobretudo, pela "sintonia" entre a natureza da Investigação e a Metodologia de Investigação adoptada (na qual se incluem, obviamente, fases como a recolha e a análise dos dados).

Já a segunda ("consistência") é conseguida, sobretudo, pela selecção e adequação dos "melhores" métodos e técnicas (quer de recolha de dados, quer de análise desses mesmos dados), em termos da sua validade e da "força" que conferem aos resultados obtidos e às conclusões daí decorrentes, contribuindo, em última instância, para a validade, credibilidade e fiabilidade de todo o Processo de Investigação, como um todo.

domingo, 15 de junho de 2008

Balanço da semana: 08 Jun 2008 - 15 Jun 2008

Esta foi uma semana dedicada, sobretudo, ao debate sobre a Análise Qualitativa de Dados, utilizando, para o efeito, as questões colocadas para reflexão no âmbito da Dissertação utilizada como objecto do estudo deste tema.

Apesar das algumas diferenças encontradas nas abordagens iniciais de cada um dos elementos do Curso, acabou-se por, progressivamente, convergir em posições relativamente consensuais sobre cada um dos aspectos em análise.

Obviamente que existirão sempre alguns aspectos em que as posições e opiniões pessoais poderão não ser exactamente coincidentes, mas isso deve-se sobretudo à concepção que cada pessoa tem sobre os assuntos, independentemente de o referencial teórico ser idêntico para todos.

Por outro lado, a sensibilidade de cada um relativamente aos paradigmas predominantes em investigação (quantitativo e qualitativo), ditará igualmente o modo como é abordada a temática da análise de dados, a qual, por sua vez, não deixará de estar relacionada com a natureza quantitativa, qualitativa ou mista do próprio processo de investigação.

Agora que nos encontramos na fase final desta Unidade Curricular, podemos afirmar que a visão a preto e branco que tínhamos no início deste percurso, se foi tornando progressivamente colorida, o suficiente para compreendermos a complexidade de qualquer processo de investigação, a importância da sua finalidade e objectivos, assim como de cada uma das suas fases. Dizemos suficiente pois reconhecemos que estamos ainda no início dum longo percurso trilhado por todos quantos se dedicam à investigação.

A coerência do processo de investigação tem a ver com a ligação e articulação entre as suas fases, enquanto a consistência tem a ver com a validade e "força" quer dos métodos e técnicas utilizados, quer dos resultados e conclusões obtidos nesse processo de investigação. A primeira é ditada, sobretudo, pela "sintonia" entre a natureza da investigação e a metodologia de investigação adoptada (incluindo a recolha e a análise dos dados). A segunda é conseguida sobretudo pela selecção e adequação dos "melhores" métodos e técnicas (quer de recolha de dados, quer de análise desses mesmos dados), em termos da sua validade e "força" que conferem aos resultados e conclusões a que se chega.

É precisamente sobre a relevãncia da metodologia utilizada na análise de dados e sobre a sua importância para a coerência e consistência do processo de investigação educacional, que o debate continua até ao próximo dia 18 de Junho (quarta-feira).

Relevância da Análise de Dados para a coerência e consistência da Investigação em Educação

De modo muito sintético, aqui fica a nossa opinião sobre a relevância da análise de dados (em particular, das respectivas metodologias) para a coerência e consistência da Investigação em Educação:

- Os métodos de análise quantitativa de dados visam, normalmente, a identificação de relações estatísticas entre variáveis, com vista à generalização dos resultados, enquanto os métodos de análise qualitativa de dados visam, normalmente, a pesquisa de padrões, ideias e/ou características holísticas entre palavras, imagens, categorias, com vista à explicação de uma determinada situação particular;

- Estes métodos estão em linha, respectivamente, com os objectivos habituais em investigação quantitativa (Descrição, Explicação e Previsão) e em investigação qualitativa (Descrição, Exploração e Descoberta);

- Tendo em conta estes aspectos e o facto de os objectivos em Investigação Educacional se situarem ao nível da Exploração, Descrição, Explicação, Previsão e Influência, é fácil verificar como se deverão utilizar uns, outros ou ambos os métodos, consoante os objectivos da Investigação Educacional em causa, de forma a que se possa manter a coerência e consistência dessa Investigação.

- A coerência e consistência da Investigação Educacional estaria colocada em causa se as metodologias utilizadas na análise de dados não tivessem a mesma natureza da Investigação e se não fossem adequadas aos objectivos desta.