quarta-feira, 7 de maio de 2008

Matriz do Guião de uma Entrevista Semi-Estruturada

Iniciou-se a semana com a continuação da actividade da semana anterior, alargando o debate à Turma no sentido de se obter, como resultado final, uma Matriz do Guião de uma Entrevista Semi-Estruturada, a partir das propostas de cada uma das quatro Equipas (Amarela, Azul, Laranja e Verde).

Após a leitura das várias propostas de Matriz, parece poder afirmar-se que, em 4 trabalhos, temos 3 abordagens diferentes. Uma dessas abordagens (comum às Equipas verde e laranja) foi operacionalizada de modos diferentes (a Equipa laranja de modo mais generalizado e a Equipa verde de modo mais detalhado).

Basicamente e de modo muito sumário, as 3 abordagens consistem no seguinte:
  • A abordagem da Equipa azul consistiu em integrar o modo como surge a entrevista (a sua integração como técnica de recolha de dados no processo de investigação) e tudo o que é necessário ao investigador, até se ter o guião de entrevista pronto para ser finalizado. Na prática, foram definidos uma série de passos, por uma certa sequência, que poderão observar-se ou não (pela ordem indicada ou não), face às características de flexibilidade e adaptabilidade da entrevista semi-estruturada. Dadas as características deste tipo de entrevista, onde tópicos e questões podem ser alterados, reordenados ou até introduzidas novas questões (inclusivamente, no decorrer da entrevista), esta abordagem não privilegiou uma estrutura pré-definida do processo de entrevista em si, a qual, de acordo com as suas características terá uma fluidez que resultará do processo de comunicação entre entrevistador e entrevistado;
  • A abordagem das Equipas laranja e verde, incidiu sobre os aspectos a observar, as tarefas a desempenhar, os recursos a preparar em três momentos diferentes: o antes, o durante e o depois da entrevista (a particularização maior ou menor dos aspectos focados poderá ser alvo de debate, em função das características de flexibilidade da entrevista semi-estruturada e da possibilidade de os vários eventos poderem ser alterados face a qualquer plano prévio);
  • A abordagem da Equipa amarela foi no sentido de detalhar o corpo da entrevista propriamente dita, particularizando para o área de investigação educacional, delineando o guião da entrevista semi-estruturada em função da dissertação que servia de referência à actividade. A entrevista é assim apresentada como tendo 3 partes essenciais: uma parte inicial, com a caracterização do entrevistado; uma parte intermédia, decomposta em 3 sub-partes (percepções sobre a escola, meio social e alunos); uma parte final, com as questões propriamente ditas (questões específicas e questões finais).
Face a este panorama, parece ser possível aproveitar a matriz da Equipa azul, integrando-a com os aspectos do "antes da entrevista" das Equipas laranja e verde; posteriormente, poder-se-à sintetizar, em matriz, os aspectos do "durante a entrevista", a partir das propostas das Equipas laranja, verde e amarela; por último, sintetizar em matriz, os aspectos "pós-entrevista" focados pelas Equipas laranja e verde.

Tendo em conta as características da entrevista semi-estruturada, talvez não seja necessário detalhar com grande pormenor, já que este é um tipo de entrevista em que o investigador tem bastante liberdade de acção, pelo que as tarefas previstas em checklist deverão salvaguardar essa liberdade de manobra, sem condicionar, de modo muito restritivo, o investigador.

Vai ser interessante assistir à harmonização de 4 propostas relativamente diferentes, integrando-as numa proposta comum.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Balanço da semana: 27 Abr 2008 - 04 Mai 2008

Esta foi mais uma semana interessante no âmbito da Unidade Curricular "Investigação Educacional", com a actividade da Equipa a recuperar, no final, a sua boa dinâmica habitual. O ligeiro abrandamento no ritmo do debate em Equipa, verificado durante o início e o meio da semana, deveu-se, sobretudo, ao empenhamento exigido noutras Unidades Curriculares do Mestrado.

Durante a actividade que decorreu neste período, o objectivo da Equipa era o de elaborar uma matriz exemplificativa de um guião de entrevista semi-estruturada. De início, fiquei com a sensação de que haveriam algumas dúvidas relativamente ao modo como a actividade desta temática devia ser abordada, para se chegar a um resultado final.

De qualquer modo, o trabalho foi decorrendo em várias frentes, as quais acabariam (como é hábitual) por contribuir para o esclarecimento no final daquelas dúvidas "metódicas" que costumam surgir na hora de escolher entre várias opções. Entre essas frentes contou-se a leitura e análise da bibliografia recomendada para a actividade, a análise de uma dissertação onde a entrevista foi utilizada como técnica de recolha de dados, a análise das características, vantagens e desvantagens da entrevista como técnica de recolha de dados (e da entrevista semi-estruturada em particular, bem como o debate relativamente ao modo como deveria ser elaborado (e o que deveria incluir) um guião de entrevista semi-estruturada.

Nesse sentido, no dia 30 Abr 2008 (Qua), elaborei uma proposta de matriz à Equipa, para debate e posteriores ajustamentos e alterações, muito baseada naquilo que consta da Fig. 15.1 em Interviewing in Qualitative Research (pág. 319). Esta proposta provocou bastante debate, sobretudo porque, a princípio, haviam outros entendimentos (em aspectos de pormenor) relativamente ao modo como a matriz deveria ser construída e o que deveria conter.

Aspectos como o "loop" relativo à introdução de novas questões ou de revisão/reformulação das anteriores, sobre a validação do instrumento "entrevista" (e em que fase deveria surgir), assim como algumas "reticências" quanto a algumas "colunas" da matriz ou ao modo como as células deveriam ser preenchidas (se é que tinham de ser preenchidas), acabaram por levar a uma ligeira simplificação da matriz proposta inicialmente, quer em termos do número de linhas (passos na elaboração do guião), quer do número de colunas (tarefas por passo, recursos humanos, materiais e financeiros a utilizar em cada passo, datas de início e de fim de cada passo e observações).

A tarefa não era particularmente fácil, dada a indicação de elaboração de guião para uma entrevista "semi-estruturada", um tipo de entrevista que tem características particulares (apesar de planeada, permite flexibilidade e adaptabilidade ao entrevistador para alterar a ordem de tópicos ou perguntas dentro de cada tópico, ou mesmo a colocação de questões não planeadas, em função do decorrer da entrevista) e que, à partida, dificultaram qualquer tentativa de sistematização e planificação.

A proposta final acabou por agradar bastante a todos os elementos da Equipa e, em síntese, o resultado foi o seguinte:

Matriz exemplificativa do guião de uma entrevista semi-estruturada

Linhas da matriz

  • Área geral a investigar
  • Questões específicas a investigar
  • Tópicos da entrevista
  • Formulação das questões da entrevista
  • Revisão/reformulação das questões da entrevista
  • Introdução de novos tópicos da entrevista e/ou ajustamento dos tópicos de entrevista previamente definidos
  • Criar alguma ordem nos tópicos da entrevista
  • Estrutura inicial do guião da entrevista
  • Validação das questões da entrevista
  • Introdução de ajustamentos nos tópicos, questões e respectiva sequência, em função da validação
  • Versão final do guião da entrevista

Colunas da matriz

  • Tarefas a desempenhar
  • Recursos (humanos, materiais e financeiros) a envolver
  • Data/hora de início e fim (previsão)
  • Observações

Esta matriz pode ser utilizada pelo investigador como uma ferramenta auxiliar, funcionando como um checklist, contribuindo para que nada fique esquecido.